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OPINIÃO: A balbúrdia está no governo

O termo balbúrdia ganhou destaque nos últimos dias por meio de declarações feitas pelo novo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ele disse que as universidades federais do país "promovem balbúrdia". No dicionário, balbúrdia significa "desordem barulhenta, algazarra e tumulto".

No contraponto ao ministro, em várias partes do Brasil, houve a divulgação de iniciativas acadêmicas de estudantes, professores e pesquisadores, com ênfase nos projetos de extensão, atividades universitárias e pesquisas científicas. Aqui em Santa Maria, no último sábado, numa promoção do Diretório Central dos Estudantes da UFSM, ocorreu o "Balbúrdia na Praça: o que a Universidade produz?" O evento teve pleno êxito e mostrou ainda a força do movimento estudantil.

Por mais que alguns grupos ideológicos de direita tentem desqualificar a UFSM em Santa Maria, bem como o ensino público superior no Estado e no Brasil, a efetiva balbúrdia está no governo federal. É incrível como o governo Bolsonaro, em quase cinco meses e meio, é ineficaz para administrar o país. As instituições de ensino comunitárias e privadas também são prejudicadas quando o ProUni, o Fies e as bolsas de pesquisa sofrem cortes. Afinal de contas, a educação perde e, o país, como um todo. É um desserviço à ciência e tecnologia. Quando o governo age assim, ele obscurece o saber e ataca o presente e o futuro de novas gerações, bem como a democracia.Mesmo com discordância na ação em muitos aspectos da história, respeito o trabalho, a organização e a disciplina dos militares no Brasil. Considero, sim, um enorme desrespeito os embates capitaneados pelo astrólogo Olavo de Carvalho e seu grupo contra a classe militar que atua como um braço importante do governo Bolsonaro na condução do país. Haja paciência, persistência e sabedoria da ala militar para suportar tantas críticas vindas dos adeptos do olavismo.

Enquanto o governo Bolsonaro não aparar as arestas internas e "jogar como um time afinado e com senso coletivo", o Brasil vai sofrer, leia-se aqui o povo, as agruras do cotidiano. Qual o investidor externo vai querer aplicar recursos em um país no qual nem os membros do governo se entendem minimamente? Enquanto a economia patina na lama do desacerto governamental e da entrega do patrimônio nacional, a população necessitada, e B17 recebeu muitos votos dessa classe, é a que mais sofre.

Para mudar o foco da necessidade de melhorar os números da economia e gerar empregos, um decreto do governo amplia o acesso a armas para 19 milhões de brasileiros, que vão poder solicitar o porte. A estimativa é do Instituto Sou da Paz, que fez o cálculo. Alguém tem dúvida que a violência e o número de pessoas mortas vão aumentar? Lamento, mas muita gente inocente vai morrer. Quem diz isso é o próprio Instituto Sou da Paz: "Esta medida ignora o consenso científico e que aumentar a quantidade de armas em circulação aumentará a quantidade de homicídios, especialmente na realidade brasileira de altos índices de criminalidade e de resolução violenta de conflitos."

De acordo com pesquisa do Datafolha, de dezembro de 2018, 61% da população foi contrária à liberação da posse de arma no país. Já 68% dos pesquisados foram contra facilitar o acesso das pessoas a armamentos.

Em discurso na Assembleia Constituinte da França, em 10 de novembro de 1848, Victor Hugo já questionava: "Qual é o perigo da situação atual? A ignorância. A ignorância, muito mais que a miséria... É num momento semelhante, diante de um perigo como esse, que se pensa em atacar, em mutilar, em sucatear todas essas instituições que têm como objetivo específico perseguir, combater e destruir a ignorância!".

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